quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FUGA AO TEMPO NUM TEMPO ESPERADO…



Conto V



…Seus olhos castanhos mostravam uma nostálgia profunda. Onde se conseguia ver na transparencia da alma que já nada lhe importava. Já nada fazia sentido. Onde o castanho amendoado era um mar de incertezas, que a inundava muitas vezes na ondulação das lágrimas de um mar salgado, habitado por sensações que a queriam submergir.


Cada amanhecer contrariava a vontade que tinha de não abrir mais os olhos. Vislumbrar o mundo de longe e pensar que já não fazia parte dele.

Mas não era assim... por enquanto.
Ainda fazia parte dele apesar de as vezes desejar que assim não fosse.

Ainda assim olhou o presente que estava em cima da mesa da sala.
Pensou que talvez se o deixasse fechado para sempre, seria como se a tristeza ficasse trancada lá dentro.
O passado ficaria ali.
Pensou que se o abri-se talvez tudo fosse igual.
A tristeza não acabaria, o futuro uma incerteza seria. Mas o relógio do tempo sem tempo não pararia.

E mesmo assim, sabendo o que iria encontrar lá dentro, tirou-lhe o laço enquanto fechava os olhos e desejava baixinho-" Deus, faz com que desta vez seja diferente".

Queria tanto ter a certeza do seu amanhã, como tinha a ceteza do que estava ali dentro.
Um presente cheio de nada…


Como tantos outros…


By me
Isa
29/12/2010

1 comentário:

  1. Um presente cheio de nada, como tantos outros... e futuro ali ao lado e tão longinquo cheio de segredos adivinhados com mais presentes anlaçados... e o pedido sentido de "Deus que desta vez seja diferente"

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