sábado, 25 de dezembro de 2010

FUGA AO TEMPO NUM TEMPO ESPERADO…

                                                                       Conto III

...Saíu para a rua com ar de conquistadora, sentiu o ar frio que lhe gelou o nariz, instintivamente subiu o cachecol mais para cima.

Enquanto calçava as luvas de pele preta que adora. Olhou para cima e viu o olhar do vizinho guloso que a devorava de alto abaixo,

fingiu mais uma vez nada ver e entrou no carro. Arrancou sem pressa, mentalmente pensava "ok, e agora onde vou?"

Avançando sem destino, tentava ter uma ideia fabulosa que lhe desse prazer. Estava difícil, não tinha por hábito sair muito, e as ideias

fabulosas estavam murchas.

A marcha era lenta para lhe dar tempo de pensar. Colocou o CD preferido de Skunk Anansie ,mas rápido percebeu não ser boa ideia.

" ok, vamos mudar esta coisa para animar" pensou enquanto colocava U2. Bem, a cara iluminou-se, não pela música , mas por ver onde

tinha ido ter sem pensar...à praia.

Estacionou, e saíu para sentir a brisa que lhe batia na cara trazendo o cheiro da maresia.

Olhando o horizonte, sentiu vontade de caminhar na areia, estava só, inconscientemente tinha fugido das confusões dos grandes centros

a que está habituada mas que detesta.

Fechou os olhos, respirou fundo, sentou-se na areia depois de poucos passos dar .Deixou-se envolver pelo borbulhar das ondas que vinham

até bem perto dela.

A ideia era relaxar, mas mil um coisa atravessava-lhe o pensamento, os sonhos passados, o presente e o futuro, sim, esse a preocupava demais.

Abriu os olhos e duas lágrimas correram de mansinho pela face abaixo...caíu em si..e deu-se conta que estar só não é assim tão bom

ás vezes. Que ás vezes faz falta neste silêncio todo. o bater de um outro coração onde encostar a cabeça, e sentir a paz de um carinho,

a carícia de um mimo, um entrelaçar de dedos, um beijo de mansinho...

"M erda, estou sózinha. Ninguém me ama" gritava cada lágrima ao cair na areia, enquanto o ar de conquistadora se desvanecia, para dar lugar

a uma menina/mulher assustada com a sua fragilidade perante o futuro que tentava advinhar...

Mas esse, quem sabe? ...

By me

Isa