quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FUGA AO TEMPO NUM TEMPO ESPERADO…



Conto V



…Seus olhos castanhos mostravam uma nostálgia profunda. Onde se conseguia ver na transparencia da alma que já nada lhe importava. Já nada fazia sentido. Onde o castanho amendoado era um mar de incertezas, que a inundava muitas vezes na ondulação das lágrimas de um mar salgado, habitado por sensações que a queriam submergir.


Cada amanhecer contrariava a vontade que tinha de não abrir mais os olhos. Vislumbrar o mundo de longe e pensar que já não fazia parte dele.

Mas não era assim... por enquanto.
Ainda fazia parte dele apesar de as vezes desejar que assim não fosse.

Ainda assim olhou o presente que estava em cima da mesa da sala.
Pensou que talvez se o deixasse fechado para sempre, seria como se a tristeza ficasse trancada lá dentro.
O passado ficaria ali.
Pensou que se o abri-se talvez tudo fosse igual.
A tristeza não acabaria, o futuro uma incerteza seria. Mas o relógio do tempo sem tempo não pararia.

E mesmo assim, sabendo o que iria encontrar lá dentro, tirou-lhe o laço enquanto fechava os olhos e desejava baixinho-" Deus, faz com que desta vez seja diferente".

Queria tanto ter a certeza do seu amanhã, como tinha a ceteza do que estava ali dentro.
Um presente cheio de nada…


Como tantos outros…


By me
Isa
29/12/2010

FUGA AO TEMPO NUM TEMPO ESPERADO…

Conto IV


… Subiu lentamente as escadas cansada de mais um dia de trabalho. Abriu a porta, acendeu a luz e a primeira coisa que faz é descalçar os sapatos de salto alto, que hoje quase a matavam. Sentir o frio do chão lhe trás alivio.

Larga a carteira no cadeirão da entrada, e segue rumo ao quarto, enquanto vai acendendo as luzes por onde vai passando, como se cada luz lhe alumiasse a alma.

Despe-se, e deixa-se andar nua pela casa, passa no banheiro e coloca a água a correr na banheira., faltava algo, olha á volta e “ mereço um banho de espuma relaxante” pensou ela enquanto escolhia um gel de entre vários que estavam ao fundo da banheira. Coloca uma quantidade abundante, queria fazer muita espuma.



Enquanto a água corre, ela vai até a sala , escolhe uma toalha bonita, vermelha com bordados dourados a toda a volta, coloca-a na mesa, seguem-se duas velas altas uma dourada outra vermelha, ajeitou-as a sua direita, olhou, inclinou a cabeça e não gostou, colocou-as do lado esquerdo, e o efeito foi mais agradável.

Correu ao banheiro ver a água, ainda faltava um pouco, voltou para acabar de compor a mesa para o jantar importante dessa noite. Depois dos pratos, talheres, copos, colocados com mestria e muita classe, achou que a mesa estava bonita, digna de um jantar especial. Antes de Seguir para o seu banho, passou pela cozinha e ligou o forno, onde previamente tinha deixado um peru assado, apenas faltava finalizar para que estivesse pronto a servir.



Rápido, tinha 45m, correu e deixou-se deslizar na água, sentindo o prazer que lhe dava o contacto com a água quente. A espuma cobriu-a completamente, o perfume era agradável, fechou os olhos enquanto suas mãos percorriam o seu corpo, sentindo a maciez da pele aveludada que ela tinha. E sentiu prazer nesse toque, e sentiu o desejo aflorar-lhe os sentidos. E a saudade veio-lhe á memória, saudade de amar e se acariciou na vontade que teve.



Já de banho tomado, perfumada, veste-se para arrasar, queria seduzir. Vestido preto, decote baixo, que lhe deixava ver o inicio de uns seios bonitos. Meias pretas, sapato de verniz salto alto. Olha-se ao espelho, termina os retoques de maquilhagem, queria estar perfeita para o momento. Olhos longos, doces e profundos. Boca sensual, rosada brilhante pelo baton suave que ela usa. Estava pronta, Mas antes ainda coloca duas gotas do seu perfume preferido há muitos anos. Forte, quente e doce…Ópium…seu perfume de eleição desde sempre. Sabia que não passava despercebida quando o usava, sentia muitas cabeças voltarem-se quando passava.

Agora sim estava pronta.

Colocou o peru na mesa, um bom vinho, sem faltar o champanhe que já tinha no frapé…olhou verificando se faltava alguma coisa, e sentou-se.

Serviu-se de um flute de champanhe, fez um brinde a ela própria. Á sua solidão…

“ao meu jantar especial…a mim”

Desejou ela…pois era noite de Natal.

NATAL de 2011



By me
Isa
25/12/2010